É 1996, e menos da metade dos alunos das escolas de ensino médio nos Estados Unidos já tinham usado a internet. Emma acaba de ganhar o primeiro computador e um CD-ROM da America Online de Josh, seu melhor amigo. E ao instalar o programa, logo no primeiro acesso, descobrem que acabam de entrar no Facebook, dali a quinze anos. Todos se perguntam como será o futuro. Josh e Emma estão prestes a descobrir…
Editora: Galera Record l 384 Páginas l Jovem Adulto l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Já imaginou poder ver (e até mesmo mudar) o futuro? O Futuro de Nós Dois transporta o leitor para o ano de 1996, relembrando-o (pelo menos para quem é dessa época) da popularização dos computadores e de seus derivados, como por exemplo: o melhor da internet discada, a eficiência e necessidade dos CDs de instalação, e o design inovador dos primeiros monitores comercializados em massa. Além disso, o livro é um tributo cultural à geração anos 90, descrevendo com riqueza o perfil dos jovens dessa década e deleitando o leitor com citações musicais e sociais próprios desse período. Porém, essa história vai muito além da nostalgia de reapresentar o passado. Com uma perspectiva futurista os autores proporcionam a dois jovens, Emma e Josh, a oportunidade inimaginável de ver pequenos vislumbres do futuro; contudo, e se eles não gostarem do que irão ver? E pior, como saberão que o que parece ruim no presente, pode ser bom quando eles estiverem no futuro? Quando se tem dezesseis anos (ou um pouco mais que isso) é difícil decidir o que queremos para o futuro, então como esses dois jovens poderiam decidir se gostam ou não do futuro que possuem? Entre encontros e desencontros, aprendizagem, amadurecimento, romance e várias lições de vida, mergulhamos em uma história bem humorada, leve e esclarecedora, que divaga sobre a importância de darmos ouvidos ao nosso coração.
“Sim, é ótimo planejar a vida, quando você acha que tudo vai dar certo. Mas, e quando mostram para você, uma vez após a outra, que você não tem quase controle nenhum sobre nada?”
Quando Emma ganha seu primeiro computador e um CD que permite algumas horas de acesso à internet, tudo o que a jovem menos espera é receber um convite de ingresso para a página de um tal de Facebook, uma ferramenta de interação social que é atualizada por ninguém mais ninguém menos do que ELA mesma. Imaginem a surpresa da jovem ao entrar nesse site e encontrar diversas citações e fatos pessoais sobre ela em um perfil descrito como dela, só que datado em um futuro dali quinze anos. Pois é, as reações são diversas: primeiro a descrença, depois a surpresa, e então a tristeza; já que pelo jeito as coisas não andam muito bem no futuro de Emma, ela precisa tomar algumas decisões importantes, e aí que seu amigo Josh entra na história, é a ele que ela recorre para mostrar toda a bagunça que é esse tal de Facebook, e juntos eles seguem entre escolher viver o presente ou lutar pelo futuro dos seus sonhos.
Vocês já ouviram falar da lei de que toda ação gera uma reação, certo? Emma talvez não a tenha ouvido, porém, tem conhecimento de que toda tomada de decisão no presente acarretará em uma mudança no seu futuro, sendo assim, se o Facebook diz que ela não está feliz é porque está na hora dela mudar algo no presente e criar para si mesma um novo futuro. De fato esse é o grande ponto do livro, a forma como Emma manipula o seu futuro: primeiro a forma como ela dá ouvidos ao Facebook, de como se torna dependente dele, e de como não compreende o quão frívola pode ser essa rede social (e aqui vale salientar a crítica feita, mesmo que indiretamente, para o fato de que vivemos muito mais no Facebook do que fora dele); o segundo ponto é que ela analisa se gosta os não do se futuro por fragmentos de posts do seu “eu futuro”, sem levar em conta os aspectos positivos que muitas vezes não foram citados na rede social; e o terceiro e mais importante é o fato de que, quem na idade dessa jovem sabe o que é melhor para o seu futuro? Ela muda e muda o presente, impulsionada por desejos momentâneos esquecendo-se de refletir sobre o que ela realmente quer.
“(…) às vezes, é preciso descobrir o que você quer, Josh. Se isso significa que você tem que nadar contra a corrente para conseguir, pelo menos tem em vista algo que pode fazer você muito feliz.”
Mas, além de toda essa reflexão e da luta de Emma para encontrar seu futuro, temos Josh, um cara legal que não sabe o que quer do futuro, mas sabe muito bem o que não quer no presente. Nessa aventura de Emma e Josh pelo mundo do Facebook ele é o ponto de equilíbrio da história, amigo, ouvinte, quebra-galho, o tipo de personagem que ganha o coração do leitor. Assim com Emma ele também tem medo do futuro (quem é que não tem, não é mesmo?), mas a cada descoberta feita pelo Facebook ele aprende um pouco mais sobre escolhas, amor e amadurecimento pessoal, e no geral, essas são as três grandes palavras do livro; escolher o que quer, amar sem medo, e amadurecer com seus erros e acertos. Nesse aspecto o livro não poderia ser mais atemporal, afinal, não importa se você está em 1996 ou 2026, todo jovem vai passar por essa fase para, alguns com mais facilidade outros com menos, descobrir quem realmente é.
Com uma narrativa que varia entre os dois personagens centrais, Emma e Josh, o livro é envolvente e muito bem humorado; nos divertimos com as proezas e brigas dessa dupla de amigos e torcemos para que eles cresçam e construam um bom futuro. Em alguns momentos, confesso, as idas e vindas entre esses dois jovens me irritou, principalmente na forma como eles se apoiaram tão facilmente no Facebook, contudo, é fácil compreender como essa ferramenta pareceu atraente aos olhos dos jovens, o que deu mais crédito ao bonito final escrito pelos autores. Simplesmente terminei a leitura com um sorriso bobo no rosto e fiquei horas refletindo sobre os valores descritos nessa história, e vai, tem coisa melhor do que livro que nos faz pensar?
No geral, o livro é fofo demais e uma ótima opção de leitura para quem gosta de literatura jovem adulto.
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