Este clássico escrito em 1897 já é muito conhecido do grande público, mas esta versão tem o grande diferencial de ter sido traduzida por Lúcio Cardoso, o que dá ao texto um valor histórico singular. A tradução está há anos fora do mercado, sendo rara até mesmo em sebos. No romance, Jonathan Harker é um jovem advogado enviado ao castelo do conde Drácula, na Transilvânia. Durante a viagem, Jonathan percebe que foi envolvido em uma trama sinistra, cheia de mistério, em que nada é por acaso, e da qual só sairá vivo se for capaz de exterminar o poderoso conde e sua amaldiçoada sede de sangue.
Editorial Record l 256 Páginas l Sobrenatural l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Como uma leitora que experimentou e se apaixonou por livros de vampiros a partir da modinha literária criada por Crepúsculo e seus semelhantes, sempre tive uma grande curiosidade para conhecer a obra de Bram Stoker, escritor responsável por desmistificar a mitologia vampiresca (o que fez dele um dos autores obrigatórios na busca de inspiração sobre o tema). Além da curiosidade nata a respeito da forma como o autor descreveu tal criatura da noite, queria saber como ele conduziu sua história. Teria ela doses de romance? Aventura? Seria Drácula um vampiro capaz de amar, como teimosamente ele é retratado nas obras atuais? Para a minha surpresa, Drácula é sim um livro sobre amor, aventura e mistérios sombrios, contudo os que vivenciam tal trama emocionante e perigosa são as vítimas do poder desse sanguíneo e perigoso vampiro. Nada de brilhos, beijos ao entardecer ou mocinhas prontas para amar um vampiro, apenas a luta de homens e mulheres que buscam aceitar e combater o desconhecido.
“É um verdadeiro demônio. Pode tomar certas aparências e desaparecer como a nuvem. Como agir para destruí-lo? Onde apanhá-lo? A tarefa é rude, a luta pode ser trágica. Eu estou velho; mas eu, que importa, no entanto vocês, que são moços, ousariam afrontá-lo?”
A trama gira em torno das vítimas do poder do conde Drácula. O primeiro deles, consequentemente nosso primeiro narrador, é Jonathan Harker, jovem que visita o conde a trabalho. Sua obrigação é ajudar o conde a comprar uma propriedade aos arredores de Londres, casa que serve de abrigo para o vampiro que uma vez em Londres, aterroriza a cidade fazendo novas vítimas, muitas delas conhecidas do Sr. Harker. É nesse ponto que a história vai se interligando, apresentando o ponto de vista de vários interlocutores que de algum modo são influenciados pelas ações desse perigoso demônio. Nesse momento eles não sabem com o que lidam, e por meio de suas narrativas datadas e situadas em locais distintos, ficamos apreensivos imaginando o mal que cerca cada um deles.
O ponto alto do livro é que ele é todo escrito por meio de diários, cartas e recortes de jornais. Assim, vamos sabendo das ações do conde por meio do olhar confuso e descrente de nossos narradores, o que de fato torna tudo muito mais interessante. Além disso, a escrita por meio de relatos faz a leitura rápida e direta, o que sem dúvidas é um grande passo para uma obra datada de 1897. Eu mesma li o livro em algumas horas, sem encontrar grandes problemas em seu vocabulário rico e histórico.
Indo além de uma boa narrativa e de uma trama inteligente, temos a inserção de doses de romance e laços fraternos, aspectos escritos de uma forma incrivelmente verdadeira e bela, como a maioria dos livros dessa época o são. Mas, a meu ver, o grande elemento positivo da obra é toda a base mitológica dela: Vampiros que se transformam em morcegos; homens que quando mortos pela perda de sangue se transformam em vampiros; a estaca de madeira, o alho, a decapitação; a maneira como eles hipnotizam e seduzem os humanos; a figura de Van Helsing o “caçador de vampiros”… Vários pontos que até hoje são relacionados com os vampiros, o que torna impossível ler o livro e não se lembrar da vasta literatura que surgiu a partir dela.
“… todos aqueles a quem eles causam a morte se tornam vampiros. Assim o círculo se alarga até o infinito, do mesmo modo que os que se formam à superfície da água, quando se lança nela uma pedra.”
No geral o livro foi uma agradável surpresa; fácil de ler, envolvente e rápido. Uma leitura mais que obrigatória para quem gosta de livros de vampiros.
Para ler ao som de…
Para quem leu e gostou de…
Livros de Vampiros l Clássicos históricos diversos
Quotes Preferidos
“… Mas se a maldição se encarniça contra ela, se ela deve se tornar (terei a coragem de pronunciar esta palavra)… um Vampiro… então eu a acompanharei… Assim é, imagino, que o amor outrora fazia recrutas. Sim, em vez de dormir sozinho em terra santa, quero ficar danado com ela…”
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