O romance de estreia de Colleen Hoover, autora que viria a figurar na lista de best sellers do New York Times, apresenta uma família devastada por uma morte repentina. Após a perda inesperada do pai, Layken, de 18 anos, é obrigada a ser o suporte tanto da mãe quanto do irmão mais novo. Por fora, ela parece resiliente e tenaz; por dentro, entretanto, está perdendo as esperanças. Um rapaz transforma tudo isso: o vizinho de 21 anos, que se identifica com a realidade de Layken e parece entendê-la como ninguém. A atração entre os dois é inevitável, mas talvez o destino não esteja pronto para aceitar esse amor. 

Editora: Galera Record l 299 Páginas l New Adult l Compre aqui: Amazon l Skoob l Classificação: 4,5/5 ♥

Métrica é o primeiro volume da trilogia Slammed, composta também pelos livros Point of Retreat, uma continuação direta da história, e This Girl obra que narra a trama do ponto de vista do mocinho Will, apresentando aos leitores sua história antes e depois de experimentar o verdadeiro amor. Como qualquer bom livro do gênero new adult a história reserva muita tensão emocional e um romance de tirar o fôlego, entretanto, como seu próprio título prevê, o livro vai além do esperado, transformando-se em uma expressão poética dos sentimentos que acompanham e afligem seus personagens. Mas afinal o que o título da obra tem a ver com a história? Para quem não sabe métrica na linguagem poética é, de forma simplificada, a contagem silábica das palavras em um verso, o que pode estar ligado à maneira como o leitor da poesia a entona, sendo assim, tal romance é como a entonação, a métrica das emoções mais fortes da vida de Lake e Will, fato que nos faz, com uma avalanche de sentimentos conflitantes, de dores e de lições de vida, mergulhar em um mundo de perdas, superação, amor e claro, poesia, muita poesia.  

Ela me ensinou a questionar.

A nunca me arrepender.

Ela me ensinou a ampliar

meus limites,

Porque é para isso que

eles existem.

Lake perdeu seu pai e meses depois, ainda se sentindo fraca e machucada, teve que se mudar para outro estado, abandonando as lembranças do local que durante anos foi um lar feliz. Para a jovem a perspectiva de ter um novo começo é dolorosa demais – para ela viver é doloroso demais, só que então o destino resolve lhe dar um motivo para ter esperanças, levando-a até Will, seu charmoso, cativante e envolvente, vizinho Will. Uma troca de olhares, um sorriso e pronto, eles estabelecem uma conexão emocional, é como se entre milhares de estranhos eles se reconhecessem como semelhantes. Nada no estilo paixão avassaladora a primeira vista, mas como um sentimento de ligação, de união, de confiança… Você já se sentiu ligado a alguém que não conhece profundamente? Ou já se sentiu íntimo de uma pessoa no instante que a conheceu? Pois bem, é essa a relação que une imediatamente Will e Lake. Juntos eles criam uma bolha de sentimentos só deles, um local onde eles podem compartilhar suas dores, seus medos e seus anseios, sem máscaras, sem mentiras, simplesmente agindo como dois jovens que perderam muito para a vida, mas que nem por isso, desistiram de seguir adiante.

O livro pode ser dividido em dois grandes momentos, o primeiro deles enfoca em Lake, em seus sentimentos conflitantes com relação à morte do seu pai e a forma como Will mexe com ela, motivando-a a seguir com sua vida. Nessa parte a história da ênfase no romance, no início de um amor complicado, doloroso e proibido. Até aqui, confesso, por mais envolvente que o livro seja não consegui mergulhar nos sentimentos narrados, tudo me parecia superficial demais, e a forma como a mocinha variava de humor, como uma hora ela estava tão feliz, para logo soltar sua raiva e mergulhar na dor, não sei, parece-me errado de alguma forma. Mesmo assim, ainda consegui me surpreender, me envolver, torcer pelo casal e como de praxe, imaginar para onde a história caminharia, e bom, foi nesse momento que a segunda parte do livro teve início, quando o destino resolveu dar as caras e acabar com todas as minhas suposições quanto à história, o que consequentemente, acabou com meu pobre coração. Dor, ódio, amargura… tantas perdas, tantas quedas, será que a vida não dá uma trégua?

“- Não foi a morte que deu um murro em você, Layken. Foi a vida. A vida acontece. Merda acontece. E acontece muito. Com muita gente.”

No segundo momento da narrativa os sentimentos dos personagens principais (e também dos secundários) são expostos de uma forma crua e dolorosa. A vida é questionada, o amor testado, e as lições de vida, ah! essas são esfregadas na nossa cara. Nesse ponto eu finalmente aceitei Lake e compreendi suas escolhas e dúvidas, de fato era como se eu tivesse vivendo a sua dor. Além disso, o que mais gostei nessa parte da narrativa foi que, mesmo o romance estando em foco, a trama seguiu para caminhos inusitados, apresentando-nos o amor como ele realmente é, como um ciclo de aceitação, cura e transformação. E se não bastasse tanta dor, tanto amor, tanta força de vontade, ainda acompanhamos o florescer de uma paixão que toca e comove o leitor, e tudo isso por meio de Will… Will que perdeu tudo, menos a esperança, Will que abre seu coração da forma mais forte e rica do mundo: por meio das palavras e de sua poesia.

“Será que ele está falando sério? Um cara que é gato, me faz rir e adora poesia? Acho que estou precisando de um beliscão. Ou não… Vai ver é melhor não acordar.”

Tenho que ressaltar o fato de que, por mais emocional que eu seja e por mais tocante que a história se faça, o que me abocanhou foi sua racionalidade; a forma direta e verdadeira como a autora trata a dor. E vale citar que dois elementos da escrita da Colleen Hoover colaboraram diretamente para isso (vide fotos): as poesias escritas como verdadeiras expressões sentimentais (prática comum dos EUA, chamada de Slam) e a ligação musical da trama (cada capítulo começa com uma citação musical da banda The Avett Brothers). Indo além, ainda temos uma narrativa rápida, emocional, e a medida do possível, surpreendente; uma gama de personagens ricos e verdadeiros; e lições de vida que prometem – no mínimo, levarem o leitor a um contínuo processo de reflexão social. 

Por mais que eu não tenha chorado convulsivamente com essa história, e que de certa forma tenha esperado um pouco mais dela, eu ainda fui tocada pela obra. Para quem gosta de new adults que superam os clichês da classe eis uma leitura obrigatória, não espere sexo, ciúmes bobos ou romances previsíveis, aqui o que dá voz a história é a verdadeira poesia da vida.

Para ler ao som de…

Quotes Preferidos

Às vezes, a vida fica no meio do caminho.

Fica totalmente no meio do seu maldito caminho.

Mas ela não fica totalmente no meio do seu maldito

caminho por querer que você desista e deixe que assuma

o

controle. A vida não fica totalmente no meio do seu

maldito caminho só porque quer que você deixe tudo

nas

mãos dela e seja levado

por ela.

A vida quer que você lute.

Que aprenda a fazer uma vida sua.

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