Jane
Eyre narra, além de uma comovente história de amor, a saga de uma jovem em
busca de uma vida mais rica do que a sociedade inglesa do século XIX
tradicionalmente permitia às mulheres. Publicado originalmente em 1847, o
primeiro romance de Charlotte Brontë inspirou adaptações para o cinema e a
televisão. Esta edição de bolso inclui prefácio de Heloisa Seixas.
pode ser? Com que destreza uma história de ficção pode descrever a dor da
perda, a angústia gerada pela solidão, o anseio nato de cada indivíduo em ser
aceito e amado, e a fé que guia e fortalece o ser humano diante das
dificuldades? Quais méritos você daria a uma obra clássica (facilmente
considerada por muitos como ultrapassada e antiquada) que aborda temas fortes a
respeito da moral humana sem nunca deixar de lado o romantismo? Jane Eyre é a prova viva da força singular
existente por trás de cada palavra, da grandiosidade daqueles que conseguem ilustrar
até mesmo os sentimentos mais confusos. O fato é que, ainda que um tanto descritivo
e abundante em detalhes típicos da sociedade inglesa do século XIX, o livro
surpreende por não ser cansativo ou extremamente irreal, por descrever um amor compatível
com qualquer cenário – seja ele de época, contemporâneo, ou futurista –, por
dar vida a um amor palpável e verdadeiro ao ponto de fazer o leitor
experimentá-lo, vivê-lo como se ele próprio fosse a fonte que alimenta e guia
tal emoção.
Você
tem frio, porque está sozinha. Nada toca o fogo que tem dentro de si. Está
doente, porque os melhores sentimentos, os mais nobres e os mais doces que podem
ser dedicados a um homem, são mantidos longe de você. E é tola, porque por mais
que sofra, nada faz para que ele se aproxime, nem dá um passo para ir a seu
encontro.
A obra em questão é escrita como se nossa
protagonista, Jane Eyre, a estivesse narrando no ápice de sua vida adulta, característica
que dá para a história um ar sábio de memórias
de vida. Sendo assim a trama começa com uma Jane ainda pequena, órfã que
sofre nas mãos daqueles que possuem a obrigação moral de mantê-la viva. Por ser
considerada uma hóspede indesejada na casa de seu falecido tio a Srtª Eyre é
punida e julgada como uma adulta, guardando em seu coração infantil tortuosas
lembranças e mágoas, tornando-se assim uma criança quieta, observadora, e
necessitada de carinho e afeto, mas orgulhosa demais para implorar por benevolência.
Nesse ponto é impossível não nos emocionarmos com tamanha dor e injustiça,
torcendo com afinco para que Jane encontre em outro lugar a possibilidade de um
abraço amoroso, de uma palavra de carinho, e de fazer parte de uma família que
a receba de braços abertos. E, com a chama da esperança acesa, nos deixamos
alegrar quando Jane recebe a oportunidade de ir para um colégio interno, uma
instituição de caridade que cuida de meninas órfãs.
de nossa jovem protagonista (com pouco mais de dez anos) que é recebida com frieza por alguns, que passa fome,
frio, e é castigada e insultada em inúmeros momentos, mas também nos regozijamos
com os bons anjos que aparecem na vida dessa pequena, com as infinitas
possibilidades que esse colégio e suas leis rigorosas dão a jovem, e com a
perspectiva de um novo futuro que bate em sua porta. Nesse ponto, com um salto
de oito anos, somos apresentados a uma nova Jane, a uma moça culta, calma e
talentosa, que está mais do que pronta para sair pelo mundo, para construir uma
nova vida. Vida essa cheia de dor, solidão e medos, mas também repleta de amor,
bondade e bênçãos.
com um misto de emoções: raiva, pena, dor, compaixão. É tudo tão forte e
intenso que é impossível não sentir na pele as aflições descritas. Sendo assim,
eu me deixei levar completamente pela história, me emocionando com a Srtª Eyre,
chorando por sua dor, rindo com suas pequenas descobertas, e agradecendo pelas
graças que ela recebeu ao longo de sua vida. Junto com ela eu me espantei, me
apaixonei, sofri por amar o impossível, e lutei para não abandonar minhas
convicções. E, ah, como isso é contagiante e inexplicável, como é agradável viver as palavras lidas! Ainda mais
quando compartilhamos a história de vida de uma personagem tão rica em fé,
bondade, amor, e força.
surpreendida do início ao fim, em nenhum ponto julguei a trama clichê ou
previsível, e nunca que imaginaria seu bom humor, seu teor místico, sua
abordagem tão cristã, ou até mesmo sua alta dosagem de romantismo. Foi, realmente, uma leitura surpreendente, que
me cativou do início ao fim, que me emocionou e deixou meu coração em pedaços.
Culpo completamente o talento da autora em criar um casal tão impróprio e tão inimaginável,
mas ainda assim perfeito. E tenho que dizer, – que mocinho mais petulante! Ele
ousou me enganar em tantos momentos, me pregou tantas peças e, mesmo assim, fiquei
presa em seu olhar amoroso e em seu desejo de escrever seu próprio destino.
dos melhores livros que já li! Definitivamente eu comecei o desafio de romances de época com o pé direito.
Mas, conte-nos, e vocês, o que escolheram
para ler esse mês?
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