Quando Ruth Saunders recebeu o telefonema de uma rede de televisão dizendo que sua série original seria levada ao ar, ela quase não acreditou. Embora tivesse passado a vida escrevendo, não pensava seriamente que seu roteiro (autobiográfico!) sobre uma mulher jovem, com excesso de peso, que vivia com a avó, e que decidira se mudar para Miami para fazer fortuna, pudesse ser realmente interessante para alguém. Tudo o que ela queria era ver sua série entre os comentários do público e das revistas especializadas, mas Ruth foi acordada bem depressa de seu sonho… Atores de cabeça vazia e ego inflado, e burocratas da emissora transformaram seu roteiro para atender a múltiplos interesses… Todo o esquema criado para se colocar uma série no ar é, ironicamente, narrado por Jennifer Weiner, ela mesma uma veterana da TV. As esperanças de Ruth são sistematicamente frustradas: os acionistas da rede insistem em uma revisão sem sentido, sua personagem principal, uma mulher cheia de curvas, passa a ser quase anoréxica, e a avó, Nana, de mulher madura e sofisticada passa a uma ninfomaníaca da terceira idade. Divirta-se com a escrita espirituosa e cativante de Jennifer Weiner e sua deliciosa capacidade de fazer valer, em cada um de seus livros, os sentimentos de todas as mulheres.
Editora: Novo Conceito l 400 Páginas l Romance l Compre aqui: Amazon l Skoob l Resenha: Kamila Mendes l Classificação: 5/5
Preciso dizer que me senti presenteada com esse livro. Amei cada capítulo dessa história e me emocionei junto com Ruth. Vale lembrar que não sou muito fã de romances – esse com certeza não é o gênero que me faz entrar em uma livraria – mas quando a chefinha, mais conhecida por vocês como Pah, pediu para que eu escolhesse um livro, escolhi, então, Dias Melhores Virão, dando uma chance para o gênero romance; e confesso, estou feliz pela decisão. Obrigada Chefinha!
“Havia sofrimento e havia alegria, e talvez, simplesmente talvez, no meio dos escombros do que eu pensei que mais queria, ainda houvesse uma oportunidade para que eu agarrasse um pouco de felicidade, arrancasse a vitória das mandíbulas da derrota.” pag. 340
Antes de tudo vale ressaltar que alguns leitores acharam a leitura meio parada no início, coisa que pra mim não fez sentido. A meu ver o livro segue um ritmo bom, nem lento, nem rápido demais, permitindo ao leitor degustar cada página e no meu caso, em particular, torcer infinitamente pela protagonista.
Após seis anos de luta, finalmente Ruth Saunders recebe o tão sonhado telefonema que mudará sua vida: seu roteiro foi aprovado e será levado ao ar. A história do livro gira em torno do telefonema de aprovação, da gravação do episódio piloto e se a série escrita por Ruth será aprovada pela emissora ABS. O roteiro escrito por Ruth é um comédia autobiográfica que conta a história de uma mulher e sua avó, e que objetiva ajudar as pessoas que se sentem incapazes, ou rejeitadas, a descobrir que podem conquistar seu próprio espaço, se identificando com sua protagonista.
Aos três anos de idade, Ruth sobreviveu ao acidente de carro que matou seus pais e sofreu graves ferimentos que desfiguraram seu corpo e rosto. Durante toda sua infância, Ruth passou internada, indo de médico em médico, esperando a hora do próximo analgésico, passando por cirurgias de enxerto de pele e sendo rejeitada por adultos, adolescentes e crianças, exceto por sua avó e as séries de TV que deram força para aguentar o doloroso processo de recuperação.
“Naquela terra feliz, nem todos eram belos, jovens ou perfeitos. Nem todos tinham amores românticos. Mas todos tinham amigos, uma família que haviam escolhido. Era o amor que as sustentava, e esse amor, eu imaginava, podia também me sustentar. Isso era televisão para mim, o sonho de um mundo perfeito, no qual eu cabia, ao qual eu pertencia.” pag. 34
O acidente também deixou marcas no emocional de Ruth, que nunca teve muitos amigos e por isso se dedicou à escrita. Agora Ruth quer tocar vidas machucadas como a dela através de seu programa de TV e mostrar que ser comum não é o fim do mundo. O problema é que o sonho pode morrer no meio do caminho. Após festejar a aprovação do roteiro, Ruth descobre que terá que fazer modificações na história para adequá-la aos desejos da emissora, o que pode fazer com que a trama fique diferente da sua.
Além de ter que lidar com os caprichos de executivos, roteiristas, atrizes com baixa autoestima, Ruth ainda tem que enfrentar sua vida emocional que não é tão emocionante assim. A falta de amigos e os poucos namorados fazem com que ela se veja como um monstro. As cirurgias não ajudaram em muita coisa. Ruth tem parte do rosto deformado, o que causa reações desagradáveis nas pessoas. Na verdade, ela passa parte do tempo tentando esconder o rosto com chapéus, echarpes e evitando espelhos. E quando é rejeitada por um roteirista, seu novo namorado termina o namoro e vê sua avó começando um novo relacionamento e planejando seu próximo casamento, Ruth se vê ainda mais perdida com seu mundo de pernas para o ar.
“Quem desejaria olhar para mim todos os dias quando podia contratar uma assistente que fosse brilhante e diligente, qualificada e, além disso, agradável ao olhar?” pag. 49
“Na minha imaginação, a garota que ganhasse o papel seria como eu, quebrada de algum modo importante, movimentando-se em um mundo que não a desejava.” pag. 147
Dias Melhores Virão é uma bela crítica a indústria de Hollywood, ao falso glamour das grandes estrelas. O leitor fica por dentro do mundo das séries, vê como um elenco é escalado e percebe que não depende do que o público está interessado em ver, mas sim daquilo que a indústria quer vender. Como romance, gostei porque não caiu no velho clichê de garota-que-é-bonita-e-não-sabe-que-é-bonita-se-apaixona-pelo-cara popular-e-blá-blá-blá, já que a trama mostra que mesmo você sendo diferente, o mundo pode sim sorrir pra você.
É um bom romance, uma boa história. Recomendo como uma leitura descontraída, sem pretensão de ser uma história que vá mudar sua vida, mas aquela que você vira a última página com um sorriso nos lábios.
“Não era perfeito, é claro – o programa não era o que eu queria, e podia ser cancelado, amanhã Dave podia me dispensar em troca de uma modelo mais quente e mais jovem -, mas, como dizia Dave, você não consegue ‘perfeição’ na vida. E, salvo a perfeição, o que eu sei, para usar o ditado, é que dias melhores virão.”pag. 365
Beijos!
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