A noite do acidente mudou tudo… Agora, cinco anos depois, a vida de Rachel está desmoronando. Ela mora sozinha em Londres, num apartamento minúsculo, tem um emprego sem nenhuma perspectiva e vive culpada pela morte de seu melhor amigo. Ela daria tudo para voltar no tempo. Mas a vida não funciona assim… Ou funciona? A noite do acidente foi uma grande sorte… Agora, cinco anos depois, a vida de Rachel é perfeita. Ela tem um noivo maravilhoso, pai e amigos adoráveis e a carreira com que sempre sonhou. Mas por que será que ela não consegue afastar as lembranças de uma vida muito diferente?
Editora: Arqueiro l 256 Páginas l Romance l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação 5/5 ♥
A leitura de Uma curva no Tempo foi tão singular que fico sem palavras para descrevê-la. Já esperava uma história emocionante, entretanto não imaginava que a narrativa fosse, acima de qualquer coisa, surpreendente. Além disso, a obra é tão minuciosa e reflexiva que tenho certeza de que ela precisa ser experimentada ao invés de detalhada. Pode parecer irônico, afinal sou uma resenhista nata, mas o charme do livro está em descobrirmos sozinhos os segredos que ele carrega, ou seja, vale muito mais a pena ler a obra do que as resenhas sobre ela. Isso acontece porque a trama foca no emocional do leitor, o que significa que cada um de nós interpretará a leitura de uma maneira diferente. Portanto, levando em conta que minhas experiências são exclusivamente minhas, vou me ater ao máximo nas sensações geradas ao longo dessa leitura: ao choro compulsivo, ao medo, a descrença, e a fé no inexplicável. Fazia tempo que eu não terminava uma leitura em um estado profundo de dor e choque, então se preparem para uma resenha tomada pela confusão de palavras e emoções.
A história começa como qualquer outro jovem adulto maduro. Prestes a concluir o ensino médio, Rachel sente que tem toda a vida pela frente. Ela e seus amigos estão vivendo uma fase gostosa de novos começos, terminando o período escolar e partindo para o desconhecido: o sonho de ingressar em uma faculdade e descobrir tudo de bom que o futuro reserva para eles. Contudo, em uma das últimas noites que os amigos têm juntos, o destino interfere e um grave acidente tira tudo isso deles: sonhos são despedaçados, amores são destruídos, e vidas são prematuramente acabadas. – Você já parou para pensar o que a falta de uma pessoa causaria em sua vida? Rachel tinha tudo, mas bastou perder seu melhor amigo para não ter mais nada. Cinco anos depois do acidente a narrativa dá um salto e nos apresenta a uma Rachel destruída e solitária. O fato é que para a protagonista era ela quem devia ter morrido, por isso mesmo que ela tenha sobrevivido ao acidente, uma parte sua também partiu para sempre. Pelo menos é assim até uma nova realidade atingi-la, até uma curva no tempo permitir que ela, depois de perder tanto, finalmente tenha uma segunda chance para ser feliz.
“Talvez meu subconsciente tivesse percebido algo que o restante de mim se recusara a reconhecer. Que uma vida sem Jimmy era como uma morte em vida, e passar por isso era a pior espécie de inferno que eu poderia imaginar.”
Uma das coisas que mais me surpreendeu no início da leitura foi a mudança na personalidade da Rachel; a jovem antes do acidente é completamente diferente da mulher de cinco anos depois. Claro que entendo o motivo da transformação, mas isso não diminui o choque de ver – e sentir como se fosse na própria pele – tudo o que ela perdeu. A Rachel do presente está definhando; ela foi definitivamente destruída pela morte de Jimmy, seu melhor amigo desde a infância. Assim, sendo sincera, seria bem mais fácil para o leitor se a protagonista estivesse brava ou desacreditada na vida, mas o que dói é ver que ela desistiu de viver, que nem o câncer do pai ou o amor que ela sente por ele são capazes de fazê-la lutar e seguir em frente. E é isso que acaba com o leitor: dói sentir a força da dor que corrói e mudou a vida da Rachel, dói ver que ela não tem perspectiva nenhuma para o futuro, e dói ainda mais pensar que existem milhares de pessoas como ela espalhadas pelo mundo, que um acidente pode acabar com famílias, interromper amizades e acabar com histórias de amor que nem tiveram a chance de começar.
Além da dor da protagonista outra coisa que surpreende é a segunda chance que o destino oferece para ela. Em determinado momento Rachel vai ingressar em uma nova realidade, caindo de paraquedas na vida com a qual ela sempre sonhou; momento em que a trama se transforma em algo completamente inovador. É difícil falar sem me emocionar, mas nessa fase da história eu torci enlouquecidamente pela protagonista. Quis com fervor que a realidade paralela se tornasse a verdadeira história de vida de Rachel, e vibrei com cada sonho que ela batalhou para realizar. Foi incrível ver a esperança renascer, o amor finalmente brotar, e o almejado final feliz se aproximar. Entretanto, também foi incrível chegar no final e ver que minhas suspeitas se confirmaram e que a autora não romantizou os fatos, mas sim usou da fé de cada um de nós para torná-los reais. Sei que é confuso para quem não leu, mas o fato é que o foco dessa história está tanto nas dores que enfrentamos quanto na fé que nos motiva. As últimas páginas acabaram com meu coração. Chorei como há tempos não chorava lendo um livro, entretanto acima disso ficou a sensação maravilhosa de contemplação do amor de Deus. E não me entendam mal, o livro não tem nenhuma pretensão de ser religioso, eu é que quis acreditar que por maior a dor que enfrentemos, Deus tem algo magnífico reservado para cada um de nós, que o desfecho da história de Rachel foi, na realidade, só o começo.
De qualquer forma, Uma curva no tempo é envolvente, emocionante e deve ser lido nem que seja para tirar a prova real. Pode ser que você não ame tanto a história, ou pode ser que ela marque sua vida. Sendo assim, vale a pena correr o risco e descobrir o que essa obra reserva para cada um de nós. Eu recomendo sem medo!
Beijos!
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