Vivian Apple tem 17 anos e mal pode esperar pelo fatídico “Arrebatamento” — ou melhor, mal pode esperar para que ele não aconteça. Seus devotos pais foram escravizados pela Igreja faz tempo demais, e ela está ansiosa para que voltem ao normal. O problema é que, quando Vivian chega em casa no dia seguinte ao suposto Arrebatamento, seus pais sumiram e tudo o que restou foram dois buracos no teto… Vivian está determinada a seguir vivendo normalmente, mas quando começa a suspeitar que seus pais ainda podem estar vivos, ela percebe que precisa descobrir a verdade. Junto com Harp, sua melhor amiga, Peter, um garoto misterioso que tem os olhos mais azuis do mundo e informações sobre o verdadeiro paradeiros dos seguidores da Igreja (ou é o que ele diz), e Edie, uma Crente que foi “deixada para trás”, os quatro embarcam em uma road trip pelos Estados Unidos. Mas, depois de atravessar quilômetros de eventos climáticos bizarros, gangues de Crentes vingativos e um estranho grupo de adolescentes auto-intitulados os “Novos Órfãos”, Viv logo vai perceber que o Arrebatamento foi só o começo. Katie Coyle, vencedora do Young Writers Prize do jornal The Guardian em 2012, imagina uma realidade infelizmente muito próxima da nossa, em que capitalismo, política, entretenimento e religião se combinam para criar uma cultura de intolerância que não acaba com o Arrebatamento. Com reviravoltas surpreendentes, um humor mordaz típico da geração Y e personagens femininas que não devem nada a ícones como Buffy e Rory Gilmore, Vivian contra o apocalipse é uma estreia arrebatadora que vai fazer você questionar até onde iria pela verdade.
Editora: Agir Now l 288 Páginas l Jovem Adulto l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Resenha: @mayeosvicios l Classificação: 4,5/5
Surpreendente. Quando paro para analisar a minha leitura de Vivian Contra o Apocalipse, o romance de estreia da autora Katie Coyle, esta é a palavra que me vem à mente. Iniciei a leitura ciente dos muitos elogios que o livro recebera, afinal a autora foi vencedora do Young Writers Prize do jornal The Guardian em 2012. Sabia também que se tratava de um jovem adulto que aborda um tema bem distinto para o gênero e, justamente por ser algo tão diferente do que estamos acostumados para um YA, fui sem muita expectativa, comecei a leitura despretensiosamente e quando me dei conta estava completamente envolvida pela trama ao ponto de nem ver as páginas passarem.
O livro aborda o fim do mundo em um tempo onde a sociedade foi dividida entre os Crentes e Não-Crentes, ou seja, aqueles que acreditam que o dia do Arrebatamento está chegando e seguem à risca tudo o que o Livro de Frick prega, e aqueles que não acreditam que o fim do mundo esteja realmente próximo. Neste cenário conhecemos nossa protagonista Vivian Apple, uma garota que sempre fez todas as coisas certas, que foi motivo de orgulho para os pais com quem tinha uma relação amorosa e, apesar de não ser a garota popular da escola, era parte de um grupo de grandes amigas, mas que com o tempo começaram a Crer e a seguir o Livro de Frick, afastando-se de Vivian, casando-se e tendo filhos… Até que um dia as coisas mudam ainda mais em sua casa quando seus pais tornam-se Crentes também e ela não, pois Vivian não acredita no que o livro de Frick prega tampouco que o dia do Arrebatamento está chegando. É então que suas relações de amizade e familiares começam a perder a força e ela conhece Harp, com quem espera o Dia D acontecer para ver se o fim do mundo realmente vai acabar.
Se não fosse suficiente, em um belo dia os pais de Vivian somem e deixam para trás apenas dois grandes buracos no teto do quarto, por onde foram ‘arrebatados’. A partir dos acontecimentos do dia D, onde centenas de pessoas somem, o mundo entra em caos, afinal aqueles que foram Deixados para Trás buscam melhorar ainda mais segundo o Livro de Frick e muitos outros que antes não acreditavam passam a crer e a se redimir para entrarem no céu na segunda leva do Arrebatamento.
A narrativa da autora é fluida e a história vai nos envolvendo mais a cada página. Katie, a partir deste primeiro arrebatamento, insere na narrativa mais tensão e nos surpreende com a atitude das personagens que em meio ao caos e o medo que estão vivendo começam a seguir rigidamente os mandamentos de um livro sem a questionar, tornando-se muitas vezes intolerantes e cometendo atos que outrora não fariam, atos desumanos, racistas, homofóbicos e chocantes. Enquanto isso, vemos nossa protagonista Vivian amadurecendo cada vez mais, tornando-se uma garota decidida, que não mais se esconde sob a sombra das amigas, mas que toma as decisões e junto de Harp e mais dois amigos partem em busca de respostas sobre o sumiço de seus pais e centenas de outras pessoas, sobre o arrebatamento em si e sobre ela mesma.
A autora nos surpreende ao longo das páginas, nos toca, nos cativa e nos deixa ansiosíssimos para a sequência de Vivian, loucos para saber o que vai acontecer com a protagonista e como suas descobertas neste livro serão utilizadas para salvar o mundo da cegueira na qual se encontram. Assim, com um mix de aventura, road trip, mistério, romance, e temas como amizade, família, religião e outros mais polêmicos, termino dizendo que recomendado a leitura de Vivian a todos, pois além de uma aventura envolvente, a trama traz uma história reflexiva e real. Definitivamente vale a pena ler!
Beijos!
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