Simon tem dezesseis anos e é gay, mas ninguém sabe. Sair ou não do armário é um drama que ele prefere deixar para depois. Tudo muda quando Martin, o bobão da escola, descobre uma troca de e-mails entre Simon e um garoto misterioso que se identifica como Blue e que a cada dia faz o coração de Simon bater mais forte. Martin começa a chantageá-lo, e, se Simon não ceder, seu segredo cairá na boca de todos. Pior: sua relação com Blue poderá chegar ao fim, antes mesmo de começar. Agora, o adolescente avesso a mudanças precisará encontrar uma forma de sair de sua zona de conforto e dar uma chance à felicidade ao lado do menino mais confuso e encantador que ele já conheceu. Uma história que trata com naturalidade e bom humor de questões delicadas, explorando a difícil tarefa que é amadurecer e as mudanças e os dilemas pelos quais todos nós, adolescentes ou não, precisamos enfrentar para nos encontrarmos.
Editora: Intrínseca l 272 Páginas l Jovem Adulto l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Que livro mais fofo! Simon vs. a agenda Homo Sapiens foi uma grata surpresa. Depois de uma onda de leituras medianas – com as quais não consegui me envolver completamente – eis um livro que me encantou do início ao fim e que, ao contrário do esperado, trouxe leveza para o meu dia a dia. Por abordar um tema tão tabu quanto a homossexualidade, confesso que imaginei que a narrativa da autora Beck Albertalli seria profundamente densa e emocionante. Entretanto, por mais que a história faça o leitor refletir e o incite a quebrar paradigmas, em nenhum momento a obra torna-se excessivamente dramática. E talvez esse seja seu grande diferencial: o fato de falar sobre a homossexualidade e o preconceito (seja ele de gêneros ou até mesmo racial) com veracidade e, principalmente, naturalidade. Fazia tempo que não me deparava com uma história jovem, divertida, envolvente e ao mesmo tempo reflexiva.
Simon está no ensino médio e precisa sair do armário. Faz um tempo que ele descobriu que é gay, entretanto não sabe como assumir o fato perante sua família e amigos. O problema de Simon não é o medo de não ser aceito, muito pelo contrário (afinal ele sabe que seus pais e amigos sempre vão amá-lo), mas sim ter que se assumir publicamente – o jovem não entende porque precisa anunciar sua orientação sexual enquanto homens e mulheres héteros não precisam. Mas o ponto central da história é que, entre tantas dúvidas e inseguranças, Simon vai fazer um amigo virtual que mudará sua vida. Depois de ler uma publicação anônima sobre homossexualidade no tumblr da escola, Simon resolve se comunicar com o escritor secreto, conversando com ele sobre o que não fala com mais ninguém: o fato de ser gay e todas as implicações que esse título, muitas vezes usado de forma pejorativa, pode gerar na vida de um jovem. O laço entre os dois vai crescendo aos poucos, passando de amizade para algo cada vez mais envolvente e apaixonante. O único problema é que eles não se sentem seguros para marcar um encontro cara a cara, ainda mais agora que Simon está sendo chantageado na escola por alguém que viu seus e-mails com Blue, seu amigo secreto. Ou seja, entre sair do armário, ter um possível namorado virtual, ter que enfrentar o mundo e os valentões do colégio, e ter que lidar com suas inseguranças, podemos dizer que a vida de Simon está uma bela confusão. Mas isso só significa que é ainda mais incrível acompanhar esse jovem lutando por suas convicções e sonhos.
Simplesmente amei a escrita da autora Beck Albertalli. A forma como ela conduz a história torna muito fácil gostar do Simon e da sua maneira de ver o mundo. Além disso, o fato da narrativa intercalar a descrição do dia a dia do protagonista com as trocas de e-mail entre ele e o Blue nos aproxima ainda mais desses dois jovens e de seus dilemas. Também adorei que a trama não foca exclusivamente na homossexualidade. Claro que a orientação sexual dos protagonistas faz parte da essência da história, porém o que surpreende é que além disso a autora aborda assuntos como o preconceito racial, as expectativas sociais, e os dilemas que qualquer jovem adulto enfrenta. Então o ponto é que a trama não é sobre ser gay ou não, mas sim sobre ser jovem e precisar fazer inúmeras escolhas: sair do armário ou não, manter uma amizade ou não, ser sincero com os pais ou não, beber ou não, se apaixonar ou não, praticar bullying ou não… Uma coisa que não gosto é estereótipos, então talvez seja por isso que tenha gostado tanto dessa história, porque ela é leve, juvenil, repleta de clichês e pontos de reflexão e, principalmente, de zero extremismo quando o assunto é sexualidade e juventude. Amei a forma tão sutil e verdadeira que a autora usou para abordar temas reais e complexos.
Além da narrativa incrível e da personalidade cativante do Simon, também amei: o fato da autora descrever vários tipos de laços familiares; os melhores amigos do Simon e como a amizade entre eles é constantemente testada e modificada; as músicas citadas no texto; o Blue e seus e-mails cheios de espiritualidade e palavras bonitas; e a construção do romance que vai além da homossexualidade ao falar de expectativas, pré-conceitos e limitações. Simplesmente adorei o livro do início ao fim. A trama tem sim seus clichês e previsibilidades, mas não dá para negar que se trata de uma leitura leve, divertida, verdadeiramente reflexiva, e definitivamente contagiante
Beijos!
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