Toda mulher já se sentiu insegura na hora de sair sozinha na rua. O risco de ser abordada, perseguida ou assediada é uma realidade. Mas, um dia, uma moça chamada Babi Souza teve uma ideia simples e revolucionária: da próxima vez em que você estiver sozinha, olhe para os lados. Pode ter outra mulher andando na mesma direção. Por que não vão juntas? Logo, o movimento Vamos Juntas? conquistou moças em todo o Brasil, se tornando um símbolo de união feminina e feminismo, na defesa por direitos iguais entre homens e mulheres. Aos poucos, muitas mulheres mudaram sua forma de enxergar o dia a dia e a moça ao lado. Além de dados sobre o feminismo, que mostram como ainda há tanto a ser conquistado, este guia traz relatos de mulheres que aprenderam, junto ao Vamos Juntas?, a enxergar companheiras umas nas outras. A se unir, ao invés de rivalizar.
Editora: Galera Record l 144 Páginas l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 5/5
Independente de gênero, raça ou credo, Vamos Juntas? deveria ser leitura obrigatória para toda a população do mundo. Ao debater sobre temas duros e reais, Babi Souza nos faz pensar no papel que a mulher desempenha atualmente na sociedade e em formas de modificá-lo. Infelizmente estamos inseridos em uma cultura machista que, facilmente, nos faz esquecer do poder e dos direitos que toda mulher tem. Assim, o livro é antes de qualquer coisa um lembrete de quem somos, de tudo o que podemos ser, e do quanto vale a pena lutar por reconhecimento e respeito. Tudo o que queremos é igualdade de direitos, mas para isso temos que embarcar juntas nessa luta.
Na primeira parte do livro, Babi conta sobre o projeto por trás do Vamos Juntas? Para quem não sabe, Vamos Juntas? é uma página da internet criada em julho de 2015 com a intenção de propagar a sororidade. A ideia era reunir um grupo de mulheres e mostrar que elas não estão sozinhas, que elas podem contar com a ajuda umas das outras. Isso porque uma noite, depois de ficar no trabalho até tarde e ter que pegar ônibus em uma parada perigosa e escura, Babi percebeu quantas mulheres estavam indo para o mesmo caminho que ela e se sentiam da mesma forma: amedrontadas ao ponto de correrem para o ônibus sem ao menos parar para respirar. E de um momento de pavor surgiu o questionamento: – Por que não vamos juntas? Desde então, a página passou a unir mais de 300 mil mulheres, as quais passaram a atentar-se mais para as mulheres ao seu redor, a se unir em situações de risco, e a compartilhar histórias de medo e vitória através da página do Vamos Juntas?, todas com a intenção clara de fortalecer o laço fraterno que conecta toda mulher. O ponto é que somos mais fortes quando estamos juntas, e é isso que o projeto propaga, o que nada mais é do que a base do termo sororidade.
Além de falar da força do projeto e do ideal de sororidade por trás dele, o livro também traz valiosas discussões sobre feminismo e respeito. Depois de criar o Vamos Juntas?, Babi passou a receber inúmeros depoimentos de abuso sexual, o que fortaleceu sua luta e a fez questionar ainda mais a necessidade de batalharmos por igualdade social. Não é normal, e muito menos justificável, aceitar o abuso sexual sob o pretexto de que somos mulheres e precisamos nos prevenir. NÃO, o fato de sermos mulheres não deveria nos tornar alvo de estupradores, muito menos o horário que saímos de casa, a roupa que usamos, ou o fato de estarmos acompanhadas ou não. Com o Vamos Juntas? nos sentimos seguras porque sabemos que podemos contar com todas as mulheres ao nosso redor – até mesmo com as que nunca conversamos – mas o ponto principal, e que a autora faz questão de ressaltar, é que não podemos nos acomodar e deixar de lutar por nossos direitos, por uma sociedade que nos respeite e nos mantenha seguras. E é nesse ponto que entra a discussão sobre o que é verdadeiramente o feminismo e sobre o quão incrível esse movimento é.
Amei esse livro e tudo o que ele representa. É incrível ler mais sobre o projeto e ver dados quantitativos dos resultados positivos que eles geraram na vida de milhares de mulheres brasileiras. Além disso, é belo compreender o real significado de sororidade e ver a propagação de uma ideologia que preza pelo fim de alegações machistas que ditam que mulheres são inimigas. Nós não somos rivais, muito pelo contrário, somos iguais e devemos nos ajudar. E o primeiro passo é aceitar o ideal feminista de igualdade e não se deixar levar pela sociedade. Nós somos tão competentes quanto qualquer homem. Não somos melhores que eles, mas somos únicas e devemos lutar por isso. Lutar juntas por uma sociedade diferente, uma sociedade onde nossas filhas poderão andar com segurança pelas ruas e, principalmente, ser quem elas quiserem ser.
Beijos!
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