Tetê acaba de se mudar com a família toda para Copacabana, no Rio de Janeiro, para a casa dos avós. O lindo e espaçoso apartamento da Barra da Tijuca em que morava teve que ser vendido, pois com a crise o pai foi demitido, e o resultado é que a vida dela virou de cabeça para baixo. Além de perder a privacidade, tendo que dividir o espaço com cinco parentes malucos que brigam o tempo todo, ela perdeu todas as suas referências. A única coisa que a deixa feliz é cozinhar. E, claro, comer as delícias que faz. O lado bom foi se livrar do antigo colégio, no qual sofria bullying por causa de seu jeito peculiar. Sem contar sua desilusão amorosa… O problema é que ela está apavorada, porque agora tudo será novo e estranho, com o ensino médio, com a nova escola, e sem conhecer ninguém. E morre de medo de ser excluída ou de sofrer bullying novamente. Ela está bem mal, para dizer a verdade. Ou talvez seja um pouco de drama, porque já no primeiro dia as coisas parecem ser um pouco diferentes… Pelo jeito, tudo vai mudar, e para melhor.
Editora: Arqueiro l 272 Páginas l Jovem l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Apesar de a Thalita Rebouças ser conhecida por escrever para um público bem mais jovem do que eu, confesso que sempre tive curiosidade em conhecer o trabalho da autora. Assim, mesmo não me identificando mais com livros excessivamente juvenis, resolvi dar uma chance para a leitura de Confissões de uma Garota Excluída, Mal-Amada e (um pouco) Dramática – livro que provou não só o talento da Thalita, como também o bom-humor nato de sua narrativa. Além de possuir uma trama jovem e divertida, a história surpreende por também ter um alto teor reflexivo. Ao abordar temas importantes como bullying, preconceito social e os abusivos e ilógicos padrões de beleza estabelecidos por nossa sociedade, Thalita Rebouças criou um livro capaz de falar sobre e para os jovens, dando a eles um motivo para lutar contra qualquer tipo de preconceito e imposição social.
A obra gira em torno da Tetê e de sua história levemente dramática. Depois que o pai perdeu o emprego a vida dela virou de pernas para o ar: mudou de casa e foi morar com os avós (amorosos mas bem enxeridos), trocou de escola e, para piorar, passou a se sentir ainda mais solitária e confusa. Tetê nunca levou uma vida normal; ela não tem amigos, era alvo de bullying na antiga escola, tem uma família que adora uma boa confusão, e sofre muito por não ser como as outras garotas – magras e seguras. Entretanto, mudar de casa e de escola pode ser a sua grande chance de recomeçar! Decidida a fazer amigos, Tetê segue para o primeiro dia de aula no ensino médio com a certeza de que tudo será diferente: ela vai fazer muitos amigos, vai se divertir, vai se sentir aceita e bonita (mesmo com seu bigode e sua sobrancelha taturana que a mãe vive pedindo para ela fazer), e vai encontrar um grande amor. Mas o problema é que a Tetê é a mesma de sempre e o ensino médio também, o que significa que ela terá que aturar muitas provações, armações e o temido bullying.
A obra é bem previsível: a história da garota que sofre bullying por ser diferente, mas que encontra bons amigos e dá a volta por cima. Gostei dos clichês trabalhados pela autora e de como, apesar de batidos, eles são fundamentais para a formação dos nossos jovens. Precisamos falar sobre padrão de beleza, orientação sexual e bullying, então ao mesmo tempo em que achei a trama jovem e leve, também senti nela um lado muito real e reflexivo. Tetê tem um coração enorme, uma alegria contagiante, e uma vontade de viver e ser feliz. Ela é igualzinha a grande maioria das jovens da sua idade, contudo por ser fisicamente diferente (mais gordinha e largadinha – E daí se ela não gosta de pentear o cabelo? Eu também não gosto! Risos) sofre com apelidos maldosos, com o afastamento das pessoas, e com pré-julgamentos. Nesse aspecto não é nenhum pouco difícil se conectar e emocionar com a personagem. Até mesmo porque, independente da idade do leitor, relembramos e/ou revivemos todas as nossas inseguranças da adolescência através dos medos de Tetê. E eu gostei disso, dessa parte verdadeira e reflexiva da obra.
Além de falar sobre temas importantes, o livro encanta por ser muito divertido. A Tetê é uma figura! Sua narrativa em primeira pessoa é jovem, engraçada, direta e dramática como só uma garota de quinze anos consegue ser. Claro que, como alguém mais de dez anos mais velha, em muitos momentos a narrativa juvenil me incomodou. Porém, já sabia desse lado da história e fiz de tudo para aceitá-lo na intenção de aproveitar o máximo da obra. Fora isso, também gostei dos amigos que Tetê faz no novo colégio, de como a personagem prega uma mudança por dentro ao invés de apenas uma transformação por fora, dos meninos lindos que ela encontra nas idas e vindas da vida, no laço dela com a família, e em suas receitas maravilhosas. – A personagem ama cozinhar, portanto prepare-se para engordar com as receitas deliciosas que ela descreve durante o livro.
Beijos!
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