Oliver Dalrymple é o típico “looser” americano: aos 13 anos, magro e pálido como um fantasma, está mais interessado em biologia e química do que em esportes e vida social. Um dia, enquanto se recupera de um dos frequentes episódios de bullying de que é vítima recitando a tabela periódica em frente a seu armário, ele desfalece para sempre. E é aí que sua verdadeira vida começa. O “céu” onde Oliver acorda depois do que acredita ter sido uma parada cardíaca em função de um problema congênito chama-se Cidade e é povoado por pessoas que morreram aos 13 anos, como ele e seu colega de escola Johnny Henzel, que chega dias depois de Boo à Cidade, trazendo notícias perturbadoras sobre a causa da morte deles. Notícias que mudam para sempre a percepção de Oliver Boo sobre sua personalidade e seu lugar no mundo. Elogiado pela crítica e adorado pelos leitores, Boo é um romance cativante sobre amizade, confiança, bullying e a difícil tarefa de ser adolescente.
Editora: Rocco l 336 Páginas l Jovem Adulto l Compare & Compre: Saraiva • Submarino • Amazon l Skoob l Classificação 4/5 ♥
Você já pensou no céu e em como sua vida após a morte será? Em Boo descobrimos que é o céu é uma versão desatualizada da terra e que Deus, apelidado carinhosamente como Zig, adora escrever certo por linhas tortas. O livro é diferente de tudo o que já li. Com um cenário extremamente inusitado – afinal, trata-se de um garoto morto em um além bem diferente da ideia de céu azul e anjinhos fofos – e uma trama reflexiva que aborda assuntos como bullying, preconceito e violência, Neil Smith ganhou meu coração. Confesso que não foi fácil amar esse livro, contudo foi impossível não ser modificada por ele. Depois da história de morte do Boo, sem dúvida, nunca mais serei a mesma.
Oliver tem treze anos e está no oitavo ano do ensino fundamental. Graças aos seus cabelos espetados e sua pele translúcida o rapaz ganhou o apelido de Boo, remetendo a sua aparência fantasmagórica. Ele é único, especial e diferente, portanto é alvo fácil para os valentões do colégio. Sem amigos e aficionado por projetos científicos, Oliver leva uma vida relativamente pacata – isso até morrer por conta de um buraco no coração. Boo sabia que um dia ou outro seu coração pararia (o problema de saúde sempre foi debatido abertamente entre eles e os familiares), porém não esperava que isso acontecesse tão cedo. Agora ele está no céu para os garotos de treze anos; um plano paralelo que abriga todos os mortos dessa idade até que eles estejam prontos para a próxima etapa de suas mortes (o que nenhum deles sabe ao certo o que significa). E, enquanto aprende a conviver em um local tão diferente e estranho, será surpreendido pelo novo colega de quarto: John, um antigo conhecido da escola, que morreu praticamente no mesmo dia que Oliver. A chegada de John deixa o céu atormentado pois ele traz a memória de como ele e Oliver realmente morreram, e é aí que embarcamos em uma jornada cheia de mistérios, perdão, bullying e superação.
A obra é narrada em teor de diário; Oliver retrata os fatos na intenção de mostrar aos pais como foi sua vida depois da morte (na esperança de enviar esse livro a eles e tranquilizá-los sobre a morte de seu filho amado). Assim, a narrativa gira em torno da mente científica, direta e inquietante desse garoto. Devo dizer que não é fácil acompanhar Boo. Em alguns momentos ele narra seu dia a dia no céu, em outros descreve lembranças importantes e impactantes, e em alguns mais faz questão de desabafar sobre o que tem sentido: a saudade de casa, as dúvidas sobre o poder do Zig (esse Deus ausente e misterioso), a tristeza em saber que nunca irá para faculdade, e a forma como se sentia por ser tão diferente dos outros meninos da escola. Essas partes, de lembrança e reflexão, são incríveis. Foi muito doloroso ver Oliver ser privado de um futuro feliz. Em muitos momentos quis que ele não estivesse morto e que recebesse uma nova chance, fora que foi muito impactante perceber que a morte de Boo poderia estar relacionada com o simples fato de ele ser um garoto diferente. Ao mesmo tempo, confesso que sofri com o estilo de escrita do autor. A narrativa é demasiadamente detalhada e parece caminhar para lugar nenhum. De fato, tive que me esforçar para engrenar na leitura, mas ao contrário do que imaginava tanto esforço definitivamente valeu a pena. Então é importante dizer que, apesar de uma narrativa confusa, Neil Smith criou uma história delicada, emocionante e extremamente reflexiva.
Apesar de falar do céu, de Deus e da vida após a morte, saliento que o livro não carrega nenhuma conotação religiosa. Ainda assim, senti como se Boo – e todos esses jovens de treze anos – estivessem no purgatório, em um plano espiritual que visa prepará-los para a próxima etapa de suas vidas eternas. Senti, de verdade, que a ideia do livro era mostrar como Deus cuida de nossos garotinhos mesmo quando o mundo não o faz. Oliver vai descobrir que sua morte não foi tão tranquila como gostaria, vai ser intimidado – mesmo no além – pela violência, pelo medo e pelo preconceito, e vai acabar dando de cara com seus segredos mais sombrios. Ele, que sofreu muito com o bullying, terá uma chance para superar de vez a confusão de emoção que escondeu durante anos e, quem sabe, finalmente libertar-se do passado. E tudo isso enquanto faz amigos verdadeiros, prontos para defendê-lo e apoiá-lo. Ou seja, impossível não amar a trajetória de perdão e superação vivenciada por Oliver.
Não é fácil falar desse livro sem dar spoilers; sinto que não disse tudo o que precisaria. Mas o mais importante é frisar o quanto a obra muda nossa visão de mundo quando o assunto são as consequências do bullying. Aqui, após a finalização da leitura somos incitados a refletir sobre o que leva nossas crianças e jovens a praticarem o bullying e, principalmente, como essas ações podem gerar consequências dolorosas. Muitas pessoas carregam o peso do bullying durante anos e demoram até encontrar a paz espiritual, já outras não possuem a mesma sorte e viram vítimas da dor de não ser aceito e de ser constantemente julgado. Oliver é a prova de como o bullying machuca, mas também de como somos capazes de superá-lo. Amei demais, fui fisgada por esse livro imperfeito, real e angustiante.
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