“De todas as bobagens incríveis que ele já tinha visto as mulheres fazendo ao longo de sua vida, aquela era, sem dúvida, a pior.” Sophie Talbot é conhecida pela Sociedade como uma das Irmãs Perigosas – mulheres Talbot que fazem de tudo para se arranjar com algum aristocrata. O apelido chega a ser engraçado, pois se existe algo que Sophie abomina é a aristocracia. Mas parece que mesmo não sendo uma irmã tão perigosa assim, o perigo a persegue por todos os lugares. Quando a mais “desinteressante” das irmãs Talbot se torna o centro de um escândalo, ela decide que chegou a hora de partir de Londres e voltar para o interior, onde vivia antes de seu pai conquistar um título. Em Mossband, ela pretende abrir sua própria livraria e encontrar Robbie, um jovem que não vê há mais de uma década, mas que jura estar esperando por ela. No entanto, ao fugir de Londres, seu destino cruza com o de Rei, o Marquês de Eversley e futuro Duque de Lyne, um homem com a fama de dissolver noivados e arruinar as damas da Sociedade. Rei está a caminho de Cumbria para visitar o odioso pai à beira da morte e tomar posse de seu ducado. Tudo o que ele menos precisava era de uma Irmã Perigosa em seu encalço. O Marquês de Eversley está convicto de que Lady Sophie Talbot invadiu sua carruagem para forçá-lo a se casar com ela e conquistar um título de futura duquesa. Já Sophie tenta provar que não se casaria com ele nem que fosse o último homem da cristandade. Mas e quando o perigo tem olhos verdes, cabelos claros e a língua afiada? Essa viagem será mais longa do que eles imaginavam…
Editora: Gutenberg l 320 Páginas l Romance de Época l Compare & Compre: Submarino • Saraiva • Amazon l Skoob l Classificação: 4/5
Antes de mais nada preciso dizer que a Sarah MacLean é uma das minhas autoras preferidas. Amo sua narrativa reflexiva e divertida, e amo ainda mais a personalidade desprendida e irreverente de suas protagonistas. Em uma sociedade dominada pela prepotência masculina, a autora cria histórias que exaltam a força feminina. Assim, sinto que é impossível ler um livro da Sarah e não se apaixonar pela mensagem que suas histórias trazem: da importância e da valorização da mulher dentro da sociedade (seja a do século XIX ou a dos tempos atuais). Tanto é que em Cilada para um Marquês, em meio a um romance extremamente bem-humorado e inusitado, o que se sobressai é o carisma de uma jovem que quer mais do que a sociedade dita, do que um nome significa e, principalmente, do que o dinheiro pode comprar.
Desde que o pai de Sophie comprou um título de nobreza, graças a sua extensa riqueza adquirida como comerciante, a vida da família Talbot não é mais a mesma. Decididos a construir um nome dentro da aristocracia inglesa, e também na intenção pouco sutil de casar suas filhas com homens de título, eles saíram do conforto de uma casa grande no interior e partiram para Londres. O problema é que a sociedade só aceita a família por causa do dinheiro que ela possui, e faz questão de desdenhar as mulheres Talbot, sua linhagem impura, e seus modos poucos tradicionais. O fato é que as Irmãs Talbot não são como as outras garotas da sociedade: elas falam o que pensam, abusam de roupas marcantes que valorizam seus corpos, adoram causar boatos e – claro – paquerar homens belos e charmosos. A única exceção é Sophie, a mais nova entre elas, que odeia a maneira com a qual a sociedade exclui e apelida sua família. Cansada de levar uma vida de aparências, a jovem decide fugir para a antiga casa dos pais no interior. O problema é que nessa fuga ela vai fazer duas coisas que odeia: depender de um homem nobre e aparentemente fútil (ninguém mandou ela pegar carona com ele, não é mesmo?) e criar um bafafá na sociedade ao escolher fugir com ninguém mais ninguém menos do que o Rei, Marquês de Eversley e futuro Duque de Lyne, também conhecido como um dos maiores libertinos da sociedade.
Achei o livro extremamente divertido. O fato de a família Talbot ser diferente permitiu que a autora criasse um cenário irônico e muito bem-humorado. Criticar a sociedade da época é um dos pilares principais desse livro. Aqui, a autora fala das regras ridículas impostas pela aristocracia com propriedade e diversão, principalmente quando o assunto é o comportamento feminino. E é claro que eu amei isso. Por mais que ame esse gênero literário, sei o quanto essa época era machista, dominadora e preconceituosa. Portanto, meus livros preferidos entre os romances de época são sempre aqueles que vão além e mostram os pontos negativos do período. Além disso, Sophie é uma personagem que ganha e encanta o leitor logo nas primeiras páginas. Sua voz é ativa, sua personalidade é instigante, suas peripécias são dignas de um filme de Chick-Lit contemporâneo, e seus sonhos são reais e emocionantes. Muitas mulheres sonham com uma vida pacata, longe dos olhos críticos da sociedade, em que possam casar, criar seus filhos, ou ver nascer seu próprio negócio (como no caso de Sophie, que sonha em ter sua própria livraria). E eu adorei como conseguimos nos enxergar em Sophie, tanto em suas forças quanto em suas inseguranças. Fazia tempo que não encontrava uma protagonista assim, que me emocionasse e divertisse tanto.
“Sophie, contudo, não adorava nada daquilo. Na verdade, ela amarrotou o jornal com fervor e refletiu sobre as opções de que dispunha. Opções, não. Opção. No singular. Porque a verdade era que as mulheres, na Inglaterra de 1833, não tinham opções. Elas tinham um caminho que deveriam trilhar. Que eram obrigadas a trilhar. E que deveriam se sentir gratas por serem obrigadas a trilhar esse caminho.”
O romance também é pura fofura! Rei é um personagem meio reclamão mas que facilmente embarca nas loucuras proporcionadas por seu convívio com Sophie. Fora que ele traz para a história uma carga de drama que deixa o romance ainda mais tocante e cativante – amei esses dois juntos. O único grande problema é que me decepcionei com o final. A Sarah nunca cria desfechos previsíveis, mas nesse caso ela seguiu por um caminho totalmente esperado, e no sentido de ter optado pelo que seria mais fácil para a construção do clímax da história (até porque não tenho problema algum com finais clichês, só quando eles são pouco explorados pelo autor). Achei que tal detalhe diminuiu a beleza e o encanto do livro. Assim, uma leitura que eu tinha certeza que ia ser favorita, acabou na lista de decepções. MAS, veja bem, a história é ótima, só não teve um final tão bem explorado quanto gostaria que fosse. E levando em conta os livros maravilhosos que já li dessa autora, foi impossível não torcer para que o final fosse diferente.
Em linhas gerais a obra é divertida, cativante, emocionante e mega gostosa de ler. O final não é dos melhores, mas mesmo assim vale dar uma chance para esses personagens tão maravilhosos. E vale o mesmo para a autora: dê uma chance, tenho certeza que ela ganhará seu coração.
Sobre a Série
Cilada para um Marquês faz parte da trilogia Escândalos e Canalhas. Cada livro é protagonizado por um casal diferente, entretanto é importante lê-los na ordem de publicação (pois os casais estão interligados).
Beijos!
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