Quando a pequena Maggie May presencia uma cena terrível à margem de um rio, sua vida muda por completo. A menina alegre que vive saltitando de um lado para o outro e tem uma paixonite por Brooks Griffin, o melhor amigo de seu irmão, sofre um trauma tão grande que acaba perdendo a voz. Sem saber como lidar com o problema, sua família se vê em uma posição difícil e tenta procurar ajuda, mas nenhum tratamento vai adiante. Ao longo dos anos, Maggie aprende sozinha a conviver com os ataques de pânico e, sem conseguir sair de casa, encontra refúgio nos livros. A única pessoa capaz de compreendê-la é Brooks, que permanece sempre ao seu lado. A cumplicidade na infância se transforma em amizade na adolescência, até que um dia eles não conseguem mais negar o amor que sentem um pelo outro. Mas será que o forte sentimento que os une poderá resistir aos fantasmas do passado e a um acontecimento inesperado, que os forçará a navegar por caminhos diferentes?
O Silêncio das Águas começa com Maggie chegando em um novo lar. Seu pai casou novamente, então eles se mudam para a casa da madrasta – uma casa alegre, amorosa e com mais duas crianças que logo acolhem a garotinha. Seu novo irmão tem um melhor amigo incrível, o Brooks, e logo Maggie descobre que está apaixonada por ele. Mesmo na inocência de seus dez anos, ela sente que Brooks é o homem da sua vida. Já o garoto não suporta que ela fique correndo atrás dele e dizendo que um dia os dois vão casar, e tenta esquivar da companhia indesejada sempre que pode. Mas isso muda quando os dois trocam o primeiro beijo, aquele puro e doce como só a infância é. Depois desse dia Brooks descobre o que é o amor e jura que sempre protegerá a sua amada. Para eles, o primeiro beijo é uma promessa. E então, seguimos com uma história que corre pelos anos e mostra o que o futuro fez com eles. Eles se amam, mas foram separados por uma tragédia.
Apesar do lindo romance, a história gira em torno de um trauma vivenciado por Maggie. Aos dez anos ela perdeu a voz e, por causa do que viu e vivenciou, deixou de sair de casa. Seus pais mudaram toda a rotina da família, os irmãos precisaram aprender a viver com as limitações da condição da irmã, e o amor que um dia uniu ela e Brooks virou algo que só podia existir dentro das paredes do quarto dela. Com o passar dos anos, Maggie cresce e encontra uma profissão. Ela viveu mil vidas em meio aos livros e fez cursos online para trabalhar com literatura. Enquanto isso, a banda de Brooks assinou um contrato e saiu em turnê. Eles conheceram e ganharam o mundo através de suas músicas. O casal permanece separado por anos, mas algo os une e os aproxima de uma forma incrível – cartas, músicas, bilhetes e até trocas de livros, eles sempre encontram uma forma de estarem juntos. E, com o passar do tempo, tudo o que queremos é que eles superem a distância e decidam ficar juntos. Mas para isso ambos precisam superar o passado. E é nesse ponto que o trauma de Maggie mexe ainda mais com o leitor, pois ela não parece pronta para seguir em frente (mesmo depois de cinco ou dez anos).
Brooks é incrível, dedicado, amoroso e entregue. E Maggie é divertida, inteligente, amorosa e cheia de facetas escondidas em sua alma quebrada. E cara, o amor entre eles é perfeito, do tipo que encanta o leitor do começo ao fim. Além disso, como tudo começa quando eles são pequenos e vai progredindo aos poucos, fica mais gostoso acompanhar o amor crescendo. Fora que, exatamente por conta disso, esse é um dos romances mais fofos e menos sensuais que já li da autora – tem aquele lado mais doce de um amor entre amigos, sabe? O fato é que eu amei esses dois juntos; amei como progridem e como são impulsionados um para o outro. Mas isso não foi suficiente para eu amar o livro.
O que me incomodou, e eclipsou esse romance lindo, é a abordagem superficial sobre o trauma da personagem principal. Maggie passou quase vinte anos trancada em casa, sem conversar sobre o trauma e sem falar a respeito de mais nada – e isso para uma personagem que ama a vida e tudo a respeito dela. Achei inconstante o fato de Maggie estar pronta para amar Brooks por inteiro, mas não para amar aquela parte pequena, cruel e dolorosa do seu passado. A verdade é que eu queria que ela lidasse com o trauma, mas a jovem não faz isso, apenas deixa a ferida esquecida até o momento em que todos seus problemas são, como um milagre, resolvidos.
Tanto para Maggie quanto para Brooks, ambos quebrados em algum momento da história, senti falta de um acompanhamento médico. Colocar o amor entre homem e mulher como capaz de curar tudo é perigoso, porque na maioria das vezes ele não apaga traumas fortes. Amar o outro é lindo, mas você precisa se amar para apagar feridas e erros. Então, não sei, para mim é como se o final feliz do livro tivesse sido uma mentira. Porque na vida real, nada é perfeito, nem sempre encontramos soluções para tudo, mas seguimos em frente, escolhendo viver ao lado de quem amamos e esquecendo o passado.
Deu para perceber o quanto fico dividida? Amei uma parte da história, mas o final realmente me incomodou. Ainda assim, indico o livro. A escrita é rápida, emocionante e surpreendente. Os outros da série ainda são meus preferidos, mas esse tem um toque especial que não posso deixar de ressaltar.
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Sobre a Série
O Silêncio das Águas é o terceiro volume da série Elementos. A saga conta com quatro livros, todos já lançados no Brasil, e traz a história de amor de casais diferentes.
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