“Não faltam heróis. Dos clássicos às histórias contemporâneas os meninos e homens estão por todo lugar. Empunhando espadas, usando varinhas mágicas, atirando flechas ou duelando com sabres de luz. Mas os tempos mudam e já está mais do que na hora de as histórias mudarem também. Com discussões feministas cada vez mais empoderadas e potentes, meninas e mulheres exigem e precisam de algo que sempre foi entregue aos meninos de bandeja: se enxergar naquilo que consomem. Este é o livro de um tempo novo, um tempo que exige que as mulheres ocupem todos os espaços, incluindo a literatura. Laura Conrado imaginou as Três mosqueteiras como veterinárias de uma ONG, que de repente contam com a ajuda de uma estudante que não hesita em levantar seu escudo para defender os animais. A Távola Redonda de Pam Gonçalves é liderada por Marina, que diante do sumiço do dinheiro que os alunos de sua escola pública arrecadaram para a formatura, desembainha a espada e reúne um grupo de meninas para garantirem a festa que planejaram. E Roberta é a Robin Hood de Ray Tavares. Indignada com a situação da comunidade em que vive, a garota usa sua habilidade como hacker para corrigir algumas injustiças. Este é um livro no qual as meninas salvam o dia. No qual elas são o que são todos os dias na vida real: heroínas. Finalmente. ”
Nesta obra temos três contos de autoras nacionais que trazem personagens femininas fortes e verdadeiras heroínas em suas histórias, por meios de três releituras de grandes clássicos da nossa literatura: Laura Conrado com Os Três Mosqueteiros; Pam Gonçalves com Rei Arthur e Os Cavalheiros da Távola Redonda e por fim Ray Tavares com Robin Hood.
“Uma por todas, todas por uma”, de Laura Conrado
Neste primeiro conto conhecemos Daniela D’Artagnan, uma jovem de 17 anos que está cursando o último ano do ensino médio e se preparando para o Enem e os vestibulares. Seu maior sonho é passar para cursar veterinária e poder finalmente ser uma Mosqueteira, nome dado aos funcionários e voluntários de uma ONG da sua cidade que cuida dos animais, a Mosqueteiros. Daniela é uma garota tímida, mas muito determinada, e nesta pequena história vemos o quão forte é ao sair em busca dos seus sonhos, não desistindo apesar dos obstáculos.
Em sua jornada ela conhece mais a si mesma e descobre uma força incrível dentro de si para lutar pelos animais, seus sonhos e de suas novas amigas, Poli, Agnes e Aline, veteranas da faculdade local e que já trabalham na ONG faz um tempo. Ao lado delas, as três mosqueteiras, elas tentarão salvar não somente os animais por meio da instituição, mas a ONG em si que corre perigo. Aqui temos uma história linda de mulheres fortes, de amizade, de amor ao próximo, de lutar pelos seus sonhos e de superação. Gostei demais.
“Formandos da Távola Redonda”, de Pam Gonçalves
Neste segundo conto acompanhamos Marina Artiaga, filha de uma das professoras do colégio onde estuda, ela é a garota perfeita e popular, conhecida de todos, que tem as melhores notas e namora um dos garotos mais cobiçados do colégio. Marina sempre foi uma garota muito sensata e responsável, e por causa disso ela é a escolhida pela sua diretora a tentar salvar a formatura daquele ano, visto que todo o dinheiro arrecadado durante o ano fora roubado da escola e faltam oito semanas para o grande dia.
Para ajudá-la nesta missão quase impossível, são recrutados dois alunos de cada sala do terceiro ano, quando percebem que somente meninas aceitaram este grande desafio, quem é mesmo o sexo frágil minha gente? Tenho certeza que não são estas formandas da távola redonda.
Armadas de muita força de vontade e muita criatividade elas farão uma verdadeira revolução não somente em sua escola, mas em toda a cidade. E em meio a venda de bolos e eventos de lavação de carro vamos vivenciando junto com esta guerreiras os dramas adolescentes típicos dessa idade, como confianças, amizades, primeiro amor, primeira vez, descoberta sexual e tantos outros temas. Adorei todo o enredo e a forma leve como a Pam trabalhou temas atuais e tabus nos passando uma verdadeira mensagem de aceitação e empoderamento.
“Robin, A Proscrita”, de Ray Tavares
No terceiro conto, o mais adulto da obra, temos uma releitura de Robin Hood, onde conhecemos Roberta Horácio, uma jovem órfã e gênio de computadores. Ela cresceu na selva de pedra, um local onde a pobreza e a criminalidade são nos mais altos níveis, e após uma tragédia pessoal resolve utilizar do seu dom na computação para ajudar os pobres e desmascarar políticos corruptos.
Ao lado de duas amigas, Willa e Pequeno, e um pastor nada convencional, ela tentará a todo custo desmascarar seu maior inimigo, Marcelo Felizzi que enriqueceu roubando dos fiéis de sua igreja e na política. Aqui a crítica social ao nosso país é muito clara e amei ver isso na literatura, quem dera nós tivéssemos uma Roberta real e com tal coragem para enfrentar tanto roubo que vemos em nosso país. Amei este conto e a mensagem que ele passa, como ele nos faz refletir sobre o momento em que vivemos, outro conto que amei demais.
Adorei conhecer mais destas autoras tão queridas através destes contos que trouxeram grandes mensagens para mim, recomendo demais a todos os leitores, tenho certeza que irão amar.
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